
O cinema e a literatura estão repletos de relatos das notáveis habilidades dos cães para se reunir com sua família. Isso pode ter relação com o campo magnético da Terra, como parece ser o caso de Bobbie, que, em 1924, nos Estados Unidos, viajou 2.800 milhas (cerca de 4.500 km) para se reencontrar com sua família.
As pesquisas publicadas no renomado web site eLife, indicam que a navegação de um cão não é conduzida apenas por seu nariz e coração – mas pelos campos geomagnéticos da Terra.
Para realizar essa pesquisa os cientistas soltaram uma dúzia de cães na floresta mais de 600 vezes – munidos de coleiras e câmeras GPS – e mapearam suas viagens de ida e volta.
Os “cães perdidos” tomaram caminhos aparentemente aleatórios, mas suas viagens compartilharam uma característica comum interessante. Todos eles começaram com uma breve “corrida de bússola” – um pequeno traço ao longo do eixo geomagnético norte-sul da Terra.
O que é o traço orientado norte-sul?
O uso da bússola, provavelmente inventada pelos chineses, como instrumento de orientação e navegação tem uma forte influência na composição dos mapas desde o século I.
A descoberta de que a agulha magnetizada se alinha com o eixo magnético da Terra e define uma direção de direção ajudou a determinar a orientação norte-sul com base na agulha da bússola.
Muitos astrônomos e cientistas, da Grécia Antiga, já haviam percebido que a Terra girava em torno de um eixo, e esse ponto magnético tornou-se então uma referência obrigatória de orientação.
Há séculos, as pessoas orientam-se pelas estrelas, especialmente pela Estrela Polar, que sempre foi fixada no firmamento e servia para guiar os viajantes. A ideia de um norte baseado nas representações celestiais ajudou a definir a disposição dos pontos cardeais.
E o que isso tem a ver com os cães?
As pesquisas realizadas sugerem que os cães calibram seu sistema interno de navegação. O estudo afirma que é um ponto de partida canino essa maneira dos cães compararem seu mapa mental com os campos geomagnéticos da Terra.
Pode parecer absurdo ou rebuscado demais, porém essa evidência começa a tomar corpo ao sabermos que os cães possuem uma molécula sensível à luz chamada criptocromia 1, e ela está associada as habilidades de sensoriamento magnético. Outro estudo vai além e indica que cães preferem até mesmo fazer cocô e marcar seu território ao longo de um eixo norte-sul.
Pode acreditar! Em 2015, pesquisadores da Universidade Tcheca de Ciências da Vida na República Tcheca e da Universidade de Duisburg-Essen na Alemanha monitoraram 70 cães de 37 raças diferentes durante um período de dois anos e concluíram que os cães eram mais propensos a fazer cocô ao longo de um eixo norte-sul, determinado pelo campo geomagnético da Terra (lembrando que o norte magnético é diferente do norte verdadeiro).
É inegável que o faro tem sua grande parcela para orientar a navegação dos cães, mas também deve-se ter em mente que as capacidades sensoriais desses animais é muito mais multidimensional do que imaginamos. Os odores que eles captam, contam histórias e identificam humanos e outros cães, porém, certamente é são os campos magnéticos que os trazem de volta para casa.
Conhecendo Bobbie
Para quem não conhece a história citada no início do artigo, Bobbie, chamado de o Cão Maravilha, da cidade estadunidense de Silverton, foi o herói canino em uma história que se tornou uma sensação nacional.
Seis meses depois de desaparecer, durante uma viagem com sua família para Indiana, em 1923, Bobbie, uma mistura de scotch e collie, aparece à porta da casa de seus tutores, a família Brazier.
Imediatamente o jornal local, o Silverton Appeal, publicou a história da caminhada do cachorro pelo país, e rapidamente se espalhou para jornais de todo o país. Por vários meses, a família recebeu centenas de cartas endereçadas a “Bobbie, o Cão Maravilha”.
Algumas pessoas afirmaram ter visto o corajoso cãe e foram capazes de identificá-lo por suas características.
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[…] pessoas também ficam admiradas como cavalos e muitos cães também (lembram do Boobie, o cão maravilha?) voltam para casa depois de caminhar muito por terrenos desconhecidos. Ou ainda, como alguns […]