
Em 2019, aos 90 anos, o australiano Wally Conron declarou que estava arrependido de promover cruzamentos entre cães de diferentes raças e que isso, havia criado uma tendência danosa aos pets.
Conron que trabalhou no Guide Dogs Victoria, uma associação que treina cachorros para trabalhos de guia, terapêuticos e de acompanhamento; recebeu uma carta de um casal do Havaí, onde a esposa era deficiente visual e utilizava um cão-guia, porém seu marido era alérgico ao pelo longo do animal.
Com essa motivação, Conron pesquisou e desenvolveu o “labradoodle “, cruzamento das raças Labrador e Poodle e que nasceriam com pelos antialérgicos.
Tutores e criadores de diferentes raças se manifestaram contrários às declarações de Conron. Uns alegam que o Labradoodle ou, seu antecessor, o Goldendoodle, não são “monstros”, mas sim, adoráveis cães. Outros criticavam o pretenso desenvolvimento da “nova raça” alegado por Conron.
Nenhum deles, porém, rebateu ou criticou a postura e maneiras de cruzamentos entre cães de certos “criadores de novas raças”, que oferecem por toda internet cães e outros pets, sem mostrar a origem e forma como são tratadas as fêmeas e filhotes até a venda, com o claro intuito de ganho financeiro.
O Labradoodle
A verdade é que Wally Conron conseguiu seu objetivo e enviou um cão que não deu alergia ao havaiano. Entretanto, os resultados futuros não podem ser chamados de satisfatórios.
Passada 4 décadas, o “criador” se sente arrependido do feito. Ele se considera o precursor de uma tendência sinistra que surgiu com cruzamentos entre cães de raças muito distintas, com intuito de ganhar dinheiro e “inventar novos cães”.
Para ele, a maioria dos labradoodles estão loucos ou têm algum problema hereditário. “Poucos estão saudáveis”, lamenta o australiano. Fato contestado pelos tutores da raça, não só na Austrália, mas também, em outros países do mundo.
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As aberrações continuam
O desejo de criar novas raças, o que revela um desvio de comportamento humano. Podemos dizer que é uma mistura do desejo de ser um deus e o privilégio de ser o primeiro humano a fazê-lo, continua criando aberrações.
Exemplo disso são os Rottweiler Poodle, também conhecidos como Rottie Poo, Rottle, Rottie Doodle, e ou o Rottie Poodle. Existe ainda o Puggle, cruzamento entre as raças Pug e Beagle. Aqui a desculpa são os problemas respiratórios que diminuirão em razão do focinho alongado do Beagle.

Argumentos e desculpas para essas aberrações, que tentam nomear como “Designer Dog”, são inúmeras e infindáveis.
Até dentro da própria raça, esses “aprimoramentos” ocorrem muitas vezes mutilando as novas gerações em nome da praticidade, beleza e até da humanização. Esse é o caso lamentável do Bichon Frisé, que estão deixando a face mais plana, para se parecer mais com um humano.
O resultado desse cruzamento entre cão de raças tão diferentes, além de desfigurar o pet, causa problemas de saúde. O próprio Bichon Frise fica com os olhos lacrimejando em razão desses procedimentos.
Como fazer cruzamentos entre cães com segurança
A Sociedade Brasileira de Cinofilia – SBC – descreve quatro tipos de cruzamentos entre cães. Dois deles podem ser prejudiciais aos animais, porém, continuam sendo realizados pelos autodenominados “desenvolvedores da raça”.
Os quatro tipos são : Inbreeding, Linebreeding, Outcrossing e Outbreeding.
É importante destacar as orientação para cruzamento, listadas pela SBC. A lista começa com o respeito à saúde e tempo de cada pet para acasalar.
Em geral, os machos podem iniciar após os 18 meses. Porém, para as fêmeas é preciso estar atento aos ciclos e, preferencialmente, fazer o acasalamento,após o terceiro cio, quando já a maturidade já está completa.
De forma geral, cães que recebem carinho e cuidados permanentes, nós podemos classificar como a “mistura perfeita de amor e inteligência”. Aqueles que amam seus pets e respeitam as espécies, por exemplo, entendem que não é preciso agredir ou mutilar raças para se conseguir “uma melhor”.
Eles sabem, desde a primeira vez que o pet olhou para eles, (e que foi dentro de sua alma), que aquele é o “seu melhor cão do mundo”!